Marcelo
Pereira da Silva
O
consumidor, o cliente, a pessoa que adquire o bem ou o serviço prestado por
determinado produtor/ofertante, seja ele pessoa física ou jurídica, de caráter
público ou privado, esse ser enigmático que todos querem (ou deveriam querer)
agradar é a grande vedete do mercado mundial.
Adivinhar,
prever ou despertar os seus desejos e sugerir-lhe produtos que o satisfaça, tem
sido o segredo do sucesso das maiores marcas do planeta e o desafio dos
diretores de marketing pelo mundo afora.
Mas
algo diferente acontece nas terras tupiniquins! Será que somos do tipo de
consumidor “camarada”, que perdoa falhas e o menosprezo dos prestadores de
serviços?
Creio
que esse deve ser o pensamento em Rondônia das chamadas concessionárias de
serviço de “banda larga” (rsss... perdoem-me o riso incontido) e telefonia
móvel.
Tal
qual Diógenes, o filósofo grego da escola cínica, que com sua lanterna em plena
luz do dia, procurava um homem honesto, poderíamos, da mesma forma, procurar um
usuário plenamente satisfeito com os serviços prestados. Neste final de semana
ficamos sem sinal de telefone celular e sem internet. Essa situação se entendeu
pela segunda-feira e parece não estar totalmente a contento até a presente
data. O que terá acontecido? Pane no sistema? Manutenção ou ampliação da rede?
Seja qual for o motivo, o fato é que não houve qualquer comunicação (e esse é o
negócio deles, COMUNICAÇÃO!!) ao usuário. Não se deram ao trabalho de dar
qualquer que fosse a explicação ou satisfação para aquele que é o verdadeiro
patrão dessas empresas.
Quando
Cabral aportou em terras brasileiras, elas já eram habitadas por milhares ou
até, quem sabe, milhões de índios. Aí devem ter oferecido espelhos e apitos
para nossos antepassados silvícolas que de bom grado lhes deram as riquezas que
possuíam. Parece que esse comportamento está em nosso sangue. Essa maldição da
passividade e do conformismo nos faz aceitar qualquer coisa de qualquer jeito.
Você contrata uma determinada velocidade e a ANATEL, que deveria nos proteger
do estelionato cibernético, diz que as empresas são obrigadas a entregar 10 %
da velocidade nominal! Nas últimas semanas, a revista Forbes publicou artigo
achincalhando com o brasileiro, que todo feliz, compra o carro mais caro do
mundo, se achando o máximo por poder andar em um carrão, que qualquer um, em
qualquer lugar do mundo, paga até 3 vezes menos pelo mesmo produto. Há alguns
anos conheci um camarada espertalhão que dizia que “enquanto houver otário
nesse mundo, malandro não passa fome!” Somos os maiores otários do mundo, por
que pagamos pelo carro que possui a maior margem de lucro, o chamado
“Lucro-Brasil”.
Mas
quem disse que precisa ser assim? Nós temos o poder da escolha e da pressão.
Quem levanta e derruba marcas não são os profissionais do marketing, somos NÓS,
os consumidores! Nós já derrubamos um Presidente da República, podemos mudar
esse sistema desonesto.
Se uma maioria de clientes entrasse com ações na
justiça contra as empresas de telefonia, iríamos despertar o Ministério Público
e a imprensa para essa demanda. Podemos também escrever para os nossos
Deputados Federais e Senadores para que seja criada uma CPI do preço do carro
brasileiro e nos manifestássemos nas redes sociais.
Podemos criar um adesivo ou
até mesmo uma campanha de conscientização, demonstrando nossa insatisfação
quanto à desonestidade do preço do carro brasileiro, forçando a baixa nos
preços. Existem ainda outras ações que podem traduzir a nossa insatisfação
quanto à forma que somos tratados.
O que não podemos mais é ficar assistindo a
todo esse abuso e absurdo de braços cruzados. Como diria o Gonzaguinha: “É, A
gente não tem cara de panaca, a gente não tem jeito de babaca, a gente não está
com a bunda exposta na janela prá passar a mão nela! É, a gente quer viver
pleno direito, a gente quer viver todo respeito, a gente quer viver uma nação,
a gente quer é ser um cidadão”! E aí, vamos fazer alguma coisa?
Marcelo Pereira da Silva, 43 anos, formado em Marketing pela Universidade Metodista de São Paulo e radicado em Rondônia desde 1979.
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