Publicada
em 12/10/2012 00:02: 00
O
professor de Direito do Consumidor e advogado especializado nas relações
consumeristas Sérgio Schlang denuncia que o aumento concedido aos planos de
saúde, celebrados antes de janeiro de 1999, pela ANS, foi “abusivo e absurdo.”
Segundo
ele, “esses planos, denominados de ‘antigos’, vêm sofrendo reajustes superiores
aos dos chamados ‘planos novos’, devidamente autorizados pela Agência Nacional
de Saúde Suplementar.
Os
planos celebrados a partir de janeiro de 1999 sofreram um reajuste em julho de
7,93%, enquanto que os celebrados anteriormente tiveram aumento de 9,37%,
trazendo sérios prejuízos aos seus detentores que, por se tratar de pessoas
aposentadas, em razão da idade, dispõem de recursos menores,” esclareceu Sérgio
Schlang.
Ressalta
Schlang que se a Lei nº 9.656/98 não se aplica aos planos anteriores, o Código
de Defesa do Consumidor se aplica e este tem diversas normas que vedam o
aumento abusivo, bem como a vantagem exagerada do fornecedor, dentre outras
cláusulas. Salienta Schlang que a Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS é
quem fixa o percentual de ambos os planos, interferindo nos mesmos, não tendo
cabimento, portanto, discriminá-los, o que, aliás, é vedado pelo CDC. “Aliás,
recentemente foi noticiado em jornal de grande circulação o poder que dispõem
os planos de saúde que conseguiram colocar um dos empresários do setor, na
presidência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que nos parece
ser absurdo”, afirma Schlang.
Clínicas
descredenciadas – Apesar dos valores mensais dos planos já serem bem elevados,
e a Constituição Federal assegurar que “A saúde é direito de todos e dever do
Estado”, os consumidores continuam celebrando contratos com as diversas
operadoras de saúde, “visando o pronto atendimento quando precisarem, mas estão
sendo prejudicados também com o acelerado descredenciamento de hospitais,
clinicas, laboratórios e médicos, sobretudo pela Sulamérica.”
Não
são poucas às vezes, disse o advogado e professor Schlang, que os pacientes
ouvem dos consultórios médicos (antigos credenciados dos planos de saúde) que
já não estão mais atendendo aquele determinado plano. “É preciso que a ANS
exerça urgente fiscalização sobre as mesmas, para que estas não se transformem
nos deficitários serviços de saúde prestados pelo Estado.”
Agora,
de 10 a
19 de outubro, há uma paralisação nacional dos médicos, hospitais e clínicas de
sete planos de saúde, dentre eles, Sulamérica, Petrobras, Cassi e outros, com
médicos buscando melhor reajuste do valor dos honorários, além de atrair a
população para a discussão sobre o sistema de saúde suplementar.
Sérgio
Schlang entende que, “em razão dos acontecimentos, a ANS deveria promover uma
grande audiência pública, com participação das partes interessadas, em caráter
de urgência, para sanar toda e qualquer irregularidade, sobretudo no que diz
respeito ao atendimento médico, pois os consumidores estão cada vez mais
pagando mais caro e diminuído o atendimento, inclusive a hospitalização.”
Questionado
sobre a gravidade da suspensão do atendimento médico, em relação à saúde dos
consumidores, Schlang acrescentou que “sem dúvida alguma, os mesmos estão
amparados pelo Código de Defesa do Consumidor, podendo, até mesmo, obter a
prestação jurisdicional do Estado nas ações ajuizadas tanto contra os planos,
bem como, médicos, clínicas e hospitais, em razão da responsabilidade
solidariedade prevista no Art. 14 do CDC.”
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