Fonte:
Agência Brasil
O
consumidor tem como fugir das armadilhas do endividamento e da inadimplência,
segundo especialistas. A preocupação com o não pagamento de dívidas aumentou
depois que o governo decidiu estimular o consumo das famílias, como uma das
formas de aquecer a economia ante a crise internacional.
De
acordo com o professor Bento Félix, chefe do Departamento de Economia das
Faculdades Integradas União Pioneira de Integração Social (Upis), do Distrito
Federal, a população brasileira precisa ter maior acesso à educação financeira,
de maneira a equacionar a relação entre renda e gastos por meio de um
planejamento.
“Para
cada tipo de gasto é preciso ter um comparativo entre a renda e o quanto se tem
disponível para a despesa. Mas o que tem acontecido é que as pessoas estão
gastando acima do limite”, critica.
Para
quem pretende não ter dor de cabeça no futuro com as contas, o importante é
aprender a organizá-las antes mesmo de partir para o consumo. Uma saída é
recorrer aos vários cursos de educação financeira gratuitos disponíveis na
internet. Muitos são de instituições já conhecidas dos brasileiros.
Cursos
oferecidos
Um
deles é oferecido pela BM&FBovespa. O curso aborda temas como a Importância
da Educação Financeira, Consumo, Como a Moeda é Usada na Economia e Investimentos
e Investidores. Alguns tópicos precisam ser atualizados, mas os fundamentos
permanecem os mesmos.
A
Fundação Getulio Vargas (FGV) oferece três cursos de graça online: Como
Organizar o Orçamento Familiar, Como Fazer Investimentos e Como Planejar a Aposentadoria.
Outra alternativa está disponível no site da Serasa Experian, que oferece um
simulador financeiro e várias opções para ajudar o consumidor, além do site do
Banco do Brasil, que oferece várias dicas para a elaboração de planejamento
financeiro pessoal.
O
Banco Central oferece um serviço conhecido como calculadora do cidadão, que
permite a simulação de aplicações com depósitos regulares e de financiamentos
com prestações fixas, a correção de valores com base em diversos indicadores
econômicos e o cálculo de valores futuros de um capital, entre outros.
Para
o diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade (Anefac), Louis Frankenberg, existem alguns fatores importantes
que podem ainda ser observados por quem precisa organizar as finanças e se
planejar. Ele lembra que até profissionais de finanças não têm o hábito de
fazer o próprio orçamento de receitas e despesas domésticas de um ano para o
outro. Frankenberg confessa que ele mesmo, que é contador e atuário, só põe em
prática o que aprendeu na faculdade quando passa a perceber “anormalidades
financeiras” nas contas.
Ele
sugere o levantamento de alguns requisitos, tanto por parte dos casados, quanto
dos solteiros, com ou sem filhos, ao planejar as contas. A proposta não é uma
“receita de bolo” e para o planejador financeiro pessoal é importante que cada
pessoa faça a própria relação, sem esquecer de incluir uma reserva para
emergências.
O
diretor destaca que é importante fazer o planejamento de receitas e despesas,
mas também pensar no longo prazo, como na aposentadoria. Ele lembra que a
população brasileira está vivendo mais e é comum as pessoas chegarem aos 85 ou
90 anos de idade. “São 20 ou 30 anos como aposentado. Tem que ter o suficiente
para manter a vida confortável. É preciso seguir o exemplo do esquilo que
guarda nozes no tronco de árvores para o inverno”, diz.
Frankenberg
orienta as pessoas a calcular quanto tempo falta para a aposentadoria e qual o
patrimônio financeiro acumulado. Para ele, a acumulação de patrimônio e de
fontes adicionais de renda deve ser observada em função da idade atual e do
tempo que falta para a aposentadoria.
O
segundo ponto a ser observado é o comprometimento da renda com moradia e quanto
é preciso para complementar, seja com o plano de previdência privada ou de
outra forma, o valor recebido pela aposentadoria do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS). Isso significa que a pessoa terá que se preparar melhor
para ter algum tipo de rendimento por mais alguns anos. Além disso, há as
despesas médicas e os valores cobrados pelos planos de saúde, cada vez mais
caros, para quem tem mais idade.
Outra
sugestão é que a pessoa deve se perguntar se a melhor educação para si e seus
filhos irá custar muito dinheiro (poderá absorver de 20% a 30% de suas receitas
líquidas) e se esse fator é levado em consideração no seu orçamento mensal.
Além disso, mesmo em queda, existe a inflação e a depreciação moeda ao longo
dos anos.
Para
o diretor da Anefac, é importante que cada pessoa inicie imediatamente um
programa de gradativa acumulação patrimonial para não ter surpresas no futuro.
Para isso, segundo ele, os fundos de previdência complementar são importantes,
mas é preciso fazer outros investimentos, de forma diversificada, como em
caderneta de poupança, CDBs, fundos de ações, entre outros. “O fundo de
previdência complementar é uma opção, mas não se sabe se esse grupo vai falir
no futuro ou se administra mal o dinheiro. E aí não poderá pagar tudo o que
prometeu.”
Frankenberg
defende ainda que os cidadãos sejam assessorados por “pessoas neutras, de
confiança e com bastante conhecimento” na hora de investir dinheiro. “O gerente
de banco não vai ter a preocupação de atender ao cliente de acordo com o seu
perfil. É preciso procurar por consultores que não estejam diretamente
interessados na venda de um produto”, acrescenta.
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