sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Mercado de usados aquecido reforça necessidade de cuidados


Segundo empresas de perícia, de 25% a 30% dos veículos vistoriados têm alguma irregularidade que pode prejudicar o comprador

De janeiro a outubro deste ano, a frota de veículos novos de Londrina cresceu 5,35% em relação a 2010. Porém, o comércio de veículos usados foi bem maior, em torno de 8,81%. Enquanto o DETRAN do Paraná registrou média de 1,4 mil novos emplacamentos/mês, de janeiro a outubro de 2011, no mesmo período foi computada a média mensal de 6,5 mil transferências de propriedade de veículo. Só este ano, 64.965 veículos trocaram de mãos em Londrina.

Com o mercado de seminovos aquecido, quem quer ou precisa comprar um carro usado deve redobrar os cuidados para evitar o chamado “carro cabrito”, que pode dar muita dor de cabeça ao comprador.
Os “cabritos” são carros que podem ter sido roubados, furtados ou foram recuperados em leilões e que estão sendo vendidos pelo preço de mercado. “De 25% a 30% dos carros em que faço perícia há alguma irregularidade que pode prejudicar o comprador. Até carro que foi submerso por inundação já tentaram passar aqui como se fosse zerado”, conta o perito em identificação veicular Weslley Danciguer, da Terceira Visão Perícias e Vistorias.
Para tentar ajudar a população, o DETRAN lançou ontem um novo serviço, na sua página na internet (www.detran.pr.gov.br). O link Consulta Veículos Sinistrados deve listar as ocorrências com o veículo, bastando incluir ali o número da placa e do chassi. Porém, para Danciguer, isto não é suficiente. “O DETRAN do Paraná confere apenas placa e chassi. Só que há outros números que precisam ser conferidos, como o de motor, câmbio e vidros, por exemplo, para realmente garantir que aquele carro não tem algum problema”, afirma.

O serviço de perícia para compra e venda de veículos ainda não é obrigatório no Estado, como já acontece em São Paulo, mas quem usou garante que vale a pena pagar por ele. É o caso do comerciante Alicio Paiva, 47 anos. Ele juntou dinheiro para comprar a caminhonete que precisava para trabalhar. Foi em um estacionamento e encontrou o que queria - ano, cor e modelo, tudo perfeito. “Chorei no preço e consegui desconto. Só que resolvi levar para uma perícia”, conta. A caminhonete dos sonhos se revelou um problemão. “O número do motor não batia com os outros, do câmbio e chassi”, diz. Desistiu e partiu para outra. Só foi comprar sua caminhonete depois da quarta tentativa e da quarta visita à empresa de perícia, quando obteve o laudo perfeito.
Hoje, ele recomenda o serviço para qualquer pessoa. “Vale a pena pagar pelo serviço porque ali você tem a garantia que não vai comprar um carro que vai dar dor de cabeça lá na frente”, explica.

O serviço de perícia pode identificar também se o carro foi batido e qual a gravidade desta colisão. Na Olho Vivo Perícias, por exemplo, há uma máquina que detecta inclusive onde foi colocado massa para cobrir defeitos da lataria. Segundo o gerente Danilo Camargo, por mais perfeita que seja a pintura, a máquina identifica os remendos. “É importante ficar esperto porque desvaloriza o carro. Você não pode pagar o mesmo por um carro batido”, explica.

Adulteração é caso para a polícia
Hoje, as empresas de perícia do Paraná apenas orientam comprador e vendedor a procurar as autoridades policiais, se for detectada alguma adulteração no veículo.
“Porém, em outros Estados, deve-se recolher a documentação e acionar a polícia”, conta Danilo Camargo, da Olho Vivo. Isso está de acordo com o artigo 311 do Código Penal, que trata da adulteração de sinal identificador de veículo automotor, crime que pode render de três a seis anos de reclusão e multa.
Segundo o perito Weslley Dancinguer, da Terceira Visão, a empresa faz em média 500 perícias mensais em veículos. Entre 125 e 150 são reprovados. E, infelizmente, a maioria por adulterações. Mas há outros casos. “Teve um, em que o vendedor jurava que o carro era zerado, único dono. Nós levantamos que o veículo havia sido acidentado e vendido em leilão.
O cara quis questionar nossa credibilidade até que baixamos as fotos que comprovavam o que afirmávamos”, conta. Um carro comprado em leilão e recuperado pode até ser legalizado, mas tem preço em torno de 20% a 40% abaixo do mercado.
“Muita gente tenta ganhar um dinheirinho a mais enganando o comprador. A honestidade e ética vai de cada um”, diz. Credenciadas pelo Denatran, as empresas de perícia só não podem emitir o Certificado de Segurança Veicular (CVS), para carros sinistrados e recuperados. Esse serviço só pode ser feito por empresa credenciada pelo Inmetro que, por sua vez, não faz perícias para compra e venda.






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